sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ferrari F40 LM / GT / GTE - Parte I

Texto: Guilherme Bueno (/stile_alpine)

No início da década de 70 a Ferrari tinha carros em várias, mas MUITAS mesmo, categorias automobilísticas. Mas a marca já não tinha mais uma grande liderança em nenhuma delas. Pelo contrário, os resultados estavam se tornando medíocres:lembram da destruição promovida pelos Ford GT40 e Porsche 917 em Le Mans?


Então, em 1974 a diretoria da Ferrari tomou uma decisão que guiou a estratégia da marca por muitos anos (e com algumas exceções, continua vigorando até hoje): Formula 1 é o que interessa, e é esse o foco da Scuderia. E a concentração de esforços na F1 não demorou a trazer resultados para a Ferrari. Em 1975, 1977 e 1979 pilotos da Ferrari ganharam o campeonato de pilotos e em 1975, 1976, 1977 e 1979 a Ferrari ganhou o campeonato de construtores, na época muito disputado (McLaren, Lotus e mais tarde a Williams eram equipes muito fortes). Essa foi a época áurea da F1, com Emerson Fittipaldi, Niki Lauda, Jackie Stewart, James Hunt, Mario Andretti e outros monstros sagrados do automobilismo lutando nas pistas.

Mas o preço da volta ao topo da Formula 1 foi o fim dos lindos, potentes e desejados protótipos e GTs da Scuderia, como as fabulosas P3, P3/4, P4, 512 S e etc. A Ferrari 312 PB, produzida até 1973, foi a última dessa linhagem fantástica e de pedigree puríssimo. Os pilotos e equipes que competiam com protótipos e GTs da Ferrari ficaram órfãos com o fim da produção desses carros pela Scuderia: ou mudavam para carros de outras marcas ou paravam de competir. 


Para minimizar o abandono em relação a esses fiéis clientes, surge a figura da Michelotto Automobili. Essa empresa, que inicialmente era uma concessionária da Ferrari em Padova, na Itália, se tornou a preparadora "quase-oficial" da Ferrari. Antes de estreitar os laços com a Ferrari em meados da década de 70, a Michelotto já preparava carros de outras marcas como a Lancia.

A primeira Ferrari preparada por eles foi uma 308 GR 4 de rally. Depois, para substituir esse modelo, foi criada a 308 GT/M, que ficou obsoleta devido a mudanças no regulamento. Para não desperdiçar o esforço colocado nesse carro (e também na Ferrari GTO, conhecida também como 288 GTO, criada pela Ferrari para disputar o grupo B de rally da FIA e que também não chegou às pistas devido a mudanças no regulamento), diversas inovações técnicas da 308 GT/M foram utilizadas na famosa Ferrari GTO Evoluzione, também conhecida como 288 GTO Evolution.



Nesse período, Michelotto e Ferrari estavam tão próximas como AMG e Mercedes-Benz. 
A raríssima GTO Evoluzione (foram produzidas apenas 6 unidades) serviu de base para o desenvolvimento da fenomenal Ferrari F40. A participação da Michelotto no desenvolvimento da F40 é duvidosa: alguns afirmam que houve uma participação direta, outros questionam essa informação.

O fato é que a Ferrari encarregou a Michelotto de desenvolver uma versão ainda mais potente e leve da F40, para satisfazer aquelas equipes e pilotos que ficaram órfãos com o fim dos GTs e protótipos "oficiais" da Ferrari na década de 70. O resultado inicial foi a F40 LM, criada para disputar as corridas da International Motor Sports Association (I.M.S.A.), nos Estados Unidos. Esse monstro das pistas conta com 720 hp (podendo chegar a 900 hp com boost para as qualificações), 706 Nm de torque e 1050 kg, contra "apenas" 478 hp, 577 Nm de torque e 1100 kg da versão "normal" da F40.


A diferença na relação peso/potência é gritante: 2,3 kg/hp na F40 contra 1,46 kg/hp (!!!!!!!!!!!!!!) na F40 LM, sendo que nas qualificações essa relação pode chegar a estúpidos 1,16 kg/hp. O resultado disso na performance do carro?

0 a 100 km/h em 3,1 segundos (contra 3,5 da F40) e velocidade máxima de 367 km/h (contra 324 km/h da F40), mesmo com o aumento significativo do downforce na LM.

Continua...

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