sábado, 8 de setembro de 2007

História: Enzo Ferrari e Seus Engenheiros

Enzo Ferrari viveu para vencer. Seja como um piloto ou um chefe de equipe, sucesso e vitórias foram suas únicas metas, e seus carros de corrida foram resultados de uma vida de muita pesquisa. Conta Giovanni Lurani Cernuschi, um jornalista que foi amigo de Ferrari por sessenta anos, escreveu após sua morte que, Ferrari, um motivador de homens e idéias, “estava sempre na pole position”.



As Ferrari tem tecido sua própria magia no mundo das corridas, capturando as emoções de todos aqueles para quem as corridas são uma paixão.
Em 1946 foi visto o primeiro motor V12 de 2.0 litros a ostentar o nome Ferrari. Com o design de Gioacchino Colombo, que tinha trabalhado anteriormente para a Alfa Romeo, a barchetta foi chamada de 125 Sport; 125, designando o deslocamento de cada cilindro. Isto se converteu numa configuração que ficou marcada como a identidade da marca na história, e simbolizou a simplicidade peculiar de Enzo Ferrari, inspirando o próprio Ferrari a declarar seu amor pelo “Som dos Doze”.

Deste momento em diante, Ferrari, como um construtor – contudo, não um engenheiro – focou o motor como principal prioridade, o chassi sempre veio como segunda.
Retirando-se da Alfa Romeo como Diretor Esportivo em 1939 por diversas razões, principalmente pelo seu desrespeito pelo engenheiro da Alfa o espanhol Wilfredo Ricart, Ferrari formou seu próprio time de corrida - Auto Avio Costruzioni. Duas , Spiders de turismo, chamadas 815, foram construídas e participaram das Migle Miglia de 1940. Tendo sido auxiliado pelos técnicos da Shell durante sua temporada na Alfa, Ferrari recorreu a eles novamente. “Stefano Tomasio da Shell Italia…trabalhou junto conosco para nos auxiliar a resolver numerosos problemas relacionados com nosso uso de lubrificantes ou combustíveis,” escreveu Enzo Ferrari. “A Shell sempre nos certificou da suprema importância das experiências de corrida e nos capacitou a alcançar resultados memoráveis.”

Entretanto a maior vitória veio em 14 de julho de 1951, quando a Shell lubrificou e abasteceu a Ferrari 375 F1, desenhada por Aurelio Lampredi , venceu o Grande Prêmio Britânico em SilverStone nas mãos do Touro dos Pampas, Froilan Gonzalez. Vencendo a prevista invencibilidade da Alfetta 159s, Ferrari emocionado declarou: “eu matei minha própria mãe.” Ironicamente as Alfettas, equipadas com motores de 1,5 litros supercharger, foram desenvolvidas pelo próprio Lampredi quando ele ainda estava na Alfa.
Lampredi deu aos motores Ferrari um refinamento mecânico que foi imbatível na sua classe. Ele posteriormente foi o criador dos motores de quatro e seis cilindros, que mantiveram a marca altamente competitiva pelos anos seguintes; seu F2 de 4 cilindros e 2 litros dominou os campeonatos mundiais de 1952 1953, todo o tempo eles confiaram aos técnicos da Shell a qualidade superior dos lubrificantes e combustíveis. Lampredi foi finalmente sucedido por Carlo Chiti que entrou na Ferrari em 1957.

Foi o projeto de Chiti que ajudou a trazer a coroa do campeonato mundial de volta a Maranello pelas mãos de Mike Hawthorn em 1958. Chiti também foi o responsável pela criação das primeiras Ferrari de corrida com motor traseiro, o que obteve maior sucesso foi o Nariz de Tubarão 156 motorizado por um V6 de 1,5 litros. O carro dominou a temporada de 1961,obtendo a coroa do campeonato mundial, desta vez com Phill Hill ao Volante. Mais uma vez, Ferrari incumbiu a Shell da lubrificação e abastecimento dos carros.
Em 1962 Chiti deixou a Ferrari, e os anos 60 viram a emergência de outro talentoso designer; Mauro Forghieri foi um líder natural, e juntamente com o especialista em motores, Franco Rocchi, ajudou a Ferrari a voltar para a galeria dos vencedores com seus 12 horizontais (Boxer) 312T e liderou a marca nos tempos modernos.

Realista por natureza, Enzo Ferrari também teve um período de fatalismo correndo através de suas soberanas veias, e freqüentemente sofria de surtos de melancolia, reclamando: “Eu me sinto perdido e sujeito aos caprichos do destino.” ("I feel lost and subject to the whim of destiny.")
De fato, o destino gravou permanentemente seu nome nas muitas fábricas de corridas de Grande Prêmio; (destiny has seen his name permanently etched into the very fabric of Grand Prix racing) e junto com o emotivo emblema do cavalo empinado no nariz dos seus carros de Fórmula 1, veio a simbolizar a excelência tecnológica, força e sucesso entrelaçado numa vivo e incomparável herança.

Delfino

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